“Todos nascemos nus, depois viramos drag”
Drag queen, afrodescendente de 1 metro e noventa e três que usa peruca loura e também se apresenta no masculino como RuPaul Charles, deu nova visibilidade ao transformismo na arte popular americana e faz cinquenta anos em 2010. Nos anos 90, diva das discotecas, foi aclamada “Rainha de Manhattan” pelos Djs de Nova York.
Estrelou diversos filmes, tem um programa de rádio de sucesso e, recentemente, estrelou uma campanha da indústria de cosméticos M.A.C. Foi a primeira drag a se tornar supermodel. Tornou-se porta-voz da empresa e agora é a responsável pela coordenação do Fundo MAC para o combate à AIDS e apresenta seu próprio reality show, o RuPaul Drag Race.
RuPaul Andre Charles, canta, compõe e atua. Nasceu numa família de trabalhadores da classe média baixa em 17 de novembro de 1960, em San Diego, Califórnia e aos quatro anos já sentia fascinação por Diana Ross e Jane Fonda e as imitava em casa.
Com o divórcio dos pais, em 1967, passou a conviver apenas com mulheres: suas amadas irmãs gêmeas sete anos mais velhas e com a mãe, descrita em sua biografia como “a maior drag queen que eu já conheci”.
Aos 15 anos, RuPaul estava pronto para sair do armário e foi morar com uma irmã em Atlanta e, finalmente, livre da obrigação de fingir, se jogou no universo gay, trabalhando em espetáculos de transformismo e, nas horas vagas, distribuindo filipetas (panfletos de divulgação de eventos) nas proximidades de teatros.
Formou uma banda, a RuPaul and the U-Hauls, que se apresentava num estilo meio pauleira nos clubes novaiorquinos, especialmente no Pyramid Club. Participou, durante anos, do festival de drag queens WIGSTOCK (trocadilho com o festival de Woodstock - Wig é peruca em inglês), o que lhe rendeu participação no documentário do mesmo nome, em 1995.
Em 1987, já morando em Nova York, começou a construir uma pequena mas significativa filmografia: Crooklyn (1993) de Spike Lee, The Brady Bunch Movie (1995) de Betty Thomas, B Wigstock: The Movie (1995) de Barry Shils, Blue In The Face (1995) de Wayne Wang, Beeban Kidron's To Wong Fo de Beeban Kidron, Thanks For Everything de Julie Newmar (1996) e, mais recentemente, I'm a Cheerleader (2000), dirigido por Jamie Babbitin, no papel de um ex-gay travestido “de homem".
Seus álbuns, Supermodel of the World (1993) e Foxy Lady (1996), foram remasterizados e -entre 1996 e 1998 - teve um programa diário de tv, recebendo visitas famosas como Cyndi Lauper, Cher, Diana Ross (que imitava na infância) e muitos astros, estrelas e políticos.
Em 2000, narrou um documentário premiado: "The Eyes of Tammy Faye". Trata-se de um texto debochado sobre a (des)importância da pregação de pastores evangélicos, focalizando a figura de Tamara (Tammy) Faye, pregadora religiosa (falecida em 2006) e de extrema direita, que se tornou sem querer, vejam só, um ícone drag.
Em 2004, assinou contrato com a emissora de rádio WNEW de Nova York e produziu um novo CD RuPaul: Red Hot. Uma das faixas "Looking Good, Feeling Gorgeous" fez bastante sucesso nas discotecas.
RuPaul escolheu um caminho para direcionar sua carreira. Negro, gay assumido, um metro e noventa e três, decidiu mudar a imagem do universo drag, muitas vezes agitado por brigas e disputas.
Prefere passar uma imagem amigável, que sempre agradou muito e permitiu que ele se tornasse uma celebridade.
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